quinta-feira, 13 de junho de 2013

Andromeda

Andrômeda era filha de Cefeu e Cassiopeia, Rei e Rainha do reino fenício da Etiópia.Por sua arrogância tola, Cassiopéia ousou se comparar  dizer que era mais bonita que as Neiredes-ninfas do mar filhas de Poseidon.
Profundamente ofendidas,as Neiredes pediram vingança ao seu pai.Poseidon enviou um monstro marinho para destruir o reino.Cefeu consultou o oráculo de Zeus,(Ammon) que disse que a única forma de reverter isso era sacrificando sua filha virgem para Cetus.Ela foi amarrada num rochedo para que fosse morta pelo monstro.Voltando,após ter matado Medusa,Perseu matou Cetus e salvou Andrômeda,e casou-se com ela,mesmo ela sendo prometida para  Phineus. No casamento, ocorreu uma desavença entre os rivais e Phineus foi transformado em pedra por ter visto a cabeça da Górgona,Medusa.
                     
Andrômeda seguiu o marido para Tirinto, em Argos, e juntos eles se tornaram os ancestrais da família Perseida através da linha de seu filho Perses. Perseus e Andrômeda tiveram seis filhos: Perseides, Perses, Alceu de Mitilene, Heleus, Mestor, Estênelo, e Electrião, e uma filha, Gorgófona. Os seus descendentes governaram Micenas, do baixo electrião até Euristeu. De acordo com a mitologia, Perses é o antepassado dos persas.
Após sua morte, ela foi colocada por Atena entre as constelações no céu do norte, perto de Perseu e Cassiopeia.

Afrodite

   Afrodite nasceu quando Cronos cortou e jogou os órgãos genitais de seu pai Urano no mar,saindo um espuma e dessa espuma surgiu Afrodite.Afrodite era extremamente bela,tão bela que seduzia todos os deuses do templo,esses brigavam uns com os outros por ela,mas ela os despresava,então como castigo Zeus fez ela se casar com Hefesto. (Segundo Homero, Afrodite e Hefesto se amavam, mas pela falta de atenção, Afrodite começou a trair o marido para melhor valorizá-la) que usou toda sua perícia para cobri-la com as melhores jóias do mundo, inclusive um cinto mágico do mais fino ouro, entrelaçado com filigranas mágicas. Isso não foi muito sábio de sua parte, uma vez que quando Afrodite usava esse cinto mágico, ninguém conseguia resistir a seus encantos.
     

Relacionamentos e filhos

Alguns de seus filhos são Hermafrodito (com Hermes), Anteros (com Ares, a versão mais aceita ou com Adônis, versão menos conhecida), Fobos, Deimos e Harmonia (com Ares), Himeneu, (com Apolo),Príapo (com Dionísio), Eryx (com Posídon) e Eneias (com Anquises)
Os diversos filhos de Afrodite mostram seu domínio sobre as mais diversas faces do amor e da paixão humana.
Afrodite sempre amou a alegria e o glamour, e nunca se satisfez em ser a esposa caseira do trabalhador Hefesto. Afrodite amou e foi amada por muitos deuses e mortais. Dentre seus amantes mortais, os mais famosos foram Anquises e Adônis, que também era apaixonado por Perséfone, que aliás, era sua rival, tanto pela disputa pelo amor de Adônis, tanto no que se diz respeito de beleza. Vale destacar que a deusa do amor não admitia que nenhuma outra mulher tivesse uma beleza comparável com a sua, punindo (somente) mortais que se atrevessem comparar a beleza com a sua, ou, em certos casos, quem possuísse tal beleza. Exemplos disso é Psiquê e Andrômeda.

Guerra de Troia

 
Quando, no casamento de Peleu e Tétis, Éris lançou um pomo de ouro com a inscrição À mais bela, a rainha dos deuses, a deusa da sabedoria e a deusa da beleza disputaram a posse do pomo.
Para resolver a querela, Páris, filho de Príamo, foi escolhido como juiz. As três deusas fizeram grandes promessas ao pastor em troca do pomo. Páris escolhe Afrodite, e recebe da deusa ajuda para receber sua recompensa por tê-la escolhido: o amor da mais bela das mulheres, Helena, esposa do rei de Esparta, Menelau. Páris rapta Helena, o que dá motivo para iniciar a guerra. Após muitos anos de guerra entre os aqueus e os troianos, a cidade é vencida e destruída.

Poderes e Manipulação

De acordo com a Mitologia, Afrodite quando descia a terra, praticava relações sexuais com os mortais com sua forma humana. No caso, o tal mortal via Afrodite como a pessoa normal, mas ama apenas metade da própria. De acordo com a mitologia, Afrodite podia manipular um homem não só com a beleza, mas sim com o olhar, contato físico, mental, pelo cheiro e som.

Culto

Suas festas eram chamadas de afrodisíacas e eram celebradas por toda a Grécia, especialmente em Atenas e Corinto. Suas sacerdotisas representavam a deusa . Seus símbolos incluem a murta, o golfinho, o pombo, o cisne, a rosa, a romã e a limeira. Entre seus protegidos contam-se os marinheiros e artesãos.
Com o passar do tempo, e com a substituição da religiosidade matrifocal pela patriarcal, Afrodite passou a ser vista como uma Deusa frívola e promíscua, como resultado de sua sexualidade liberal. Parte dessa condenação a seu comportamento veio do medo humano frente à natureza incontrolável dos aspectos regidos pela Deusa do Amor.
No templo de Corinto, praticava-se prostituição religiosa no templo da deusa. O sexo com as prostitutas, geralmente escravas, era considerado um meio de adoração e contato com a Deusa.
    

Medusa

   Medusa era uma das 3 gorgónas, tinha cobras  envez de cabelos, foi morta por Perseu, que guiado pelo reflexo no escudo, sem olhar diretamente para a Medusa, derrotou-a cortando sua cabeça, que ofereceu à deusa Atena. Diz a lenda que, quando Medusa foi morta, o cavalo alado Pégaso e o gigante Crisaor surgiram de seu ventre . Suas irmãs eram , Esteno e Euríale. E ao contrário de suas irmãs, Medusa era mortal.
  Em outros mitos dizem que a "Medusa era extremamente bela, bela, tão bela que tentou Poseidon, ele a perseguiu, ela correu para o templo de Atena, pensando que a deusa iria protege-la, mas não protegeu. Poseidon a possuiu em chão frio, ela rezou pela deusa por conforto, mas Atena não sentiu nada além de nojo, então para garantir que nenhum outro homem a possui-se ,ela transformou a medusa em um mostro  tão  horrível, que qualquer criatura ao contempla-la vira pedra."
   Depois de sua morte suas irmãs foram atrás de Perseu, mas não conseguiram pega-lo por causa do capacete que Hades deu a ele, que o torna invisível .

Perseu

                         O nascimento de Perseu aconteceu com a revolta do rei de Argos, Acrísio ao Olimpio,os outros deuses queriam logo acabar com Acrísio e seu exercito, mas Zeus amava demais os homens, então usou Acrísio como exemplo, visitou os aposentos na torre onde a filha mortal de Acrisio estava, Dânae, em forma de uma chuva de ouro e a engravidou.
                        Acrísio, rei de Argos , era casado com Eurídice, filha de Lacedemon, e tinha uma filha Dânae , mas não tinha filhos homens. Quando Acrísio perguntou ao oráculo como ele poderia ter filhos homens, a resposta foi que Dânae teria um filh
o que o mataria.
                        Não acreditando que sua filha estava gravida de Zeus e louco de raiva Acrísio, jogou sua filha em um baú e a jogou no mar.
                        O cesto chegou à ilha de Sérifo, onde foi encontrada por Díctis, que criou o menino.
                       

À Górgona

Perseu se tornou um grande homem, forte, ambicioso, corajoso, aventureiro e protetor da mãe. Polidectes, com medo de que a ambição de Perseu o levasse a lhe usurpar o trono, propôs um torneio no qual o vencedor seria quem trouxesse a cabeça da Medusa , o instinto aventureiro de Perseu não o deixou recusar. Em outra versão do mesmo mito todos os convidados em uma homenagem ao Rei, deveriam dar-lhe um presente, como Perseu era pobre se ofereceu para trazer a cabeça da Medusa como presente.
Perseu, conhecendo sua mãe, disse que iria participar do torneio, mas não disse que iria enfrentar a Medusa, com receio de que ela o impedisse. Da batalha contra Medusa saiu vitorioso graças à ajuda de Atena, Hades e Hermes. Atena deu a ele um escudo tão bem polido, que tal qual num espelho, podia se ver o reflexo ao olhar para ele. Hades lhe deu um capacete que torna invisível quem o usa, Hermes deu a ele suas sandálias aladas, três objetos que foram definitivos para a vitória de Perseu.
O poeta romano Ovídio conta que a Medusa teria sido originalmente uma bela donzela, "a aspiração ciumenta de muitos pretendentes", sacerdotisa do templo de Atena . Um dia ela teria cedido às investidas do "Senhor dos Mares", Poseidon, e deitado-se com ele no próprio templo da deusa Atena; a deusa então, enfurecida, transformou o belo cabelo da donzela em serpentes, e deixou seu rosto tão horrível de se contemplar que a mera visão dele transformaria todos que o olhassem em pedra.
 
 
Então Perseu, guiado pelo reflexo no escudo, sem olhar diretamente para a Medusa, derrotou-a cortando sua cabeça, que ofereceu à deusa Atena. Diz a lenda que, quando Medusa foi morta, o cavalo alado Pégaso e o gigante Crisaor surgiram de seu ventre . As outras duas irmãs de Medusa, Esteno e Euríale, perseguem Perseu, mas este escapa devido ao capacete de Hades, que o torna invisível às Górgonas .

Atlas

Passou em seu retorno pelo país das Hespérides, onde ficava o titã Atlas , que foi condenado a segurar a abóbada celeste em seus ombros. Vendo que o lugar era muito bonito, Perseu pediu a Atlas se podia dormir pelos arredores naquele dia, dizendo ao titã: "Se vês uma pessoa pela sua família, saiba que sou filho de Zeus e se, porém, valorizas grandes feitos, saiba que matei a górgona Medusa". Atlas responde: "Tu, mortal, mataste a rainha das górgonas? Nenhum mortal teria condições para fazer tal coisa". Muito revoltado por não ter sido acreditado por Atlas, Perseu mostra a cabeça de Medusa ao enorme titã, este quando encara os olhos da górgona começa a ter todo seu corpo petrificado, seus ossos se transformam em uma montanha, sua barba em floresta e sua cabeça o cume7 .

Andrômeda

Continuando sua volta para casa, passou por uma ilha onde viu uma linda mulher acorrentada no meio do mar, não fossem as lágrimas que vertiam de seu rosto, teria confundido-a com uma estátua. Perseu pergunta a jovem o que fez para merecer tal punição, a moça então diz a ele: "Eu sou Andrômeda, minha mãe Cassiopeia ousou comparar sua beleza com as filhas de Poseidon, as ninfas do mar, e fomos castigados por isso. Posidão mandou um monstro de Ceto destruir nossa cidade pelo erro de minha mãe e eu fui oferecida como sacrifício". Perseu diz que salvará a bela moça, se esta prometer casar com ele, mas antes de receber a resposta, uma grande onda se abriu no meio e o monstro marinho apareceu. Sem pensar duas vezes Perseu vai de encontro ao monstro e, aproveitando sua vantagem de voar, ganha a sangrenta batalha. Os pais de Andrômeda lhe concedem sua mão e Perseu volta para casa com ela .

Polidectes

 
Ao chegar em casa vê uma desordem, o rei de Serifo, Polidectes, e seus seguidores, vão atrás de Dânae, mãe de Perseu, para violentá-la. Perseu convoca seus amigos para lutarem com ele, mas o rei e seus fiéis eram em muito maior número. Quando a batalha parecia perdida, o herói lembra do que ocorrera a Atlas quando este fixou seus olhos no petrificante olhar da górgona Medusa e diz: "Aqueles que forem meus amigos, que fechem os olhos". Os que acreditaram então fecham seus olhos e Perseu ergue a cabeça de Medusa, todos que estavam contra ele (e inclusive alguns amigos descrentes) são petrificados, menos o rei, que percebera o que ocorreria e vira seu rosto, ele então pede clemência a Perseu: "Por favor, ó Perseu, me deixe viver, eu reconheço que tu és mais forte e que mataste a górgona, então não me mate também". O argiano responde: "Tratarei bem de você Polidectes, deixarei você em minha casa para jamais esquecer da covardia que me mostra agora". Perseu vira o rosto de Medusa na sua direção, petrificando-o , na posição de covardia em que ele se mostrava, levando a estátua para casa, jamais esquecendo do ocorrido.

Cumprimento da profecia

Conforme a profecia, Perseu acabou assassinando o avô durante uma competição esportiva, em que participava da prova de arremesso de discos. Fazendo um lançamento desastroso, acertou acidentalmente seu avô sem saber que ele estava ali . Assim, cumpriu-se a profecia que Acrísio mais temia. Apesar disso Perseu se recusou a governar Argos (trocando de reinos com Megapente filho de Preto) e governou Tirinto e Micenas (cidade que fundou), estabelecendo uma família de sete filhos: Perseides, Perses, Alceu, Helio, Mestor, Sthenelus, e Electrião, e uma filha, Gorgófona. Seus descendentes também governaram Micenas, de Electrião à Euristeu, após os quais Atreu conquistou o reino, tais descendentes incluíam, também, o grande herói Hércules. Seguindo esta mitologia Perseu também é o ancestral dos persas.
                                    

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Gaia


Gaia,  é a deusa da Terra, a Mãe Terra, como elemento primordial e latente de uma potencialidade geradora quase absurda. Segundo Hesíodo, no princípio surge o Caos, e do Caos nascem Gaia, Tártaro, Eros (o amor), Érebo e Nix (a noite).
Gaia gera sozinha Urano, Ponto e as Óreas (as montanhas). Ela gerou Urano, seu igual, com o desejo de ter alguém que a cobrisse completamente, e para que houvesse um lar eterno para os deuses "bem-aventurados".1
Com Urano, Gaia gerou os 12 Titãs: Oceano, Céos, Crio, Hiperião, Jápeto, Teia, Reia, Têmis, Mnemosine, a coroada de ouro Febe e a amada Tétis; por fim nasceu Cronos, o mais novo e mais terrível dos seus filhos, que odiava a luxúria do seu pai.
Após, Urano e Gaia geraram os Ciclopes e os Hecatônquiros (Gigantes de Cem Mãos e Cinquenta Cabeças). Sendo Urano capaz de prever o futuro, temeu o poder de filhos tão grandes e poderosos e os encerrou novamente no útero de Gaia. Ela, que gemia com dores atrozes sem poder parir, chamou seus filhos Titãs e pediu auxílio para libertar os irmãos e se vingar do pai. Somente Cronos aceitou. Gaia então tirou do peito o aço e fez a foice dentada. Colocou-a na mão de Cronos e os escondeu, para que, quando viesse Urano, durante a noite não percebesse sua presença. Ao descer, Urano, para se unir mais uma vez com a esposa, foi surpreendido por Cronos, que atacou-o e castrou-o, separando assim o Céu e a Terra. Cronos lançou os testículos de Urano ao mar, mas algumas gotas caíram sobre a terra, fecundando-a. Do sangue de Urano derramado sobre Gaia, nasceram os Gigantes, as Erínias as Melíades. Após a queda de Urano, Cronos subiu ao trono do mundo e libertou os irmãos. Mas vendo o quanto eram poderosos, também os temia e os aprisionou mais uma vez. Gaia, revoltada com o ato de tirania e intolerância do filho, tramou uma nova vingança.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Zeus


Zeus , na religião da Grécia Antiga, é o "pai dos deuses e dos homens"  que exercia a autoridade sobre os deuses olímpicos romano é Júpiter, enquanto seu equivalente etrusco é Tinia; alguns autores estabeleceram seu equivalente hindu como sendo Indra. 
 Filho de Crono e Reia, Zeus é o mais novo de seus irmãos; na maior parte das tradições é casado com Hera, embora, no oráculo de Dodona, sua esposa seja Dione, com quem, de acordo com a Ilíada, ele teria gerado Afrodite. É conhecido por suas aventuras eróticas, que frequentemente resultavam em descedentes divinos heróicos, como Atena, Apolo e Ártemis, Hermes, Perséfone (com Deméter), Dioniso, Perseu, Héracles, Helena de Troia, Minos, e as Musas (de Mnemosine); com Hera, teria tido Ares, Hebe e Hefesto.
Como ressaltou o acadêmico alemão em seu livro Religião Grega, "mesmo os deuses que não são filhos naturais de Zeus dirigem-se a ele como Pai, e todos os deuses se põem de pé diante de sua presença.". Para os gregos, era o Rei dos Deuses, que supervisionava o universo. Nas palavras do geógrafo antigo Pausânias, "que Zeus é rei nos céus é um dito comum a todos os homens." Na Teogonia, de Hesíodo, Zeus é responsável por delegar a cada um dos deuses suas devidas funções. Nos Hinos Homéricos ele é referido como o "chefe dos deuses".
Seus símbolos são o raio, a águia, o touro e o carvalho. Além de sua clara herança indo-européia, sua clássica descrição como "ajuntador de nuvens" também deriva certos traços iconográficos das culturas do Antigo Oriente Médio, tais como o cetro. Zeus frequentemente foi representado pelos antigos artistas gregos em duas poses diferentes: numa, em pé, apoiado para a frente, empunhando um raio na altura de sua mão direita, erguida, ou sentado, numa pose majéstica.
Havia muitas estátuas erguidas em sua honra, das quais a mais magnífica era a sua estátua em Olímpia, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Originalmente, os Jogos Olímpicos eram realizados em sua honra.

Nascimento

Crono teve diversos filhos com Reia: Héstia, Deméter, Hera, Hades e Poseidon, porém engoliu-os todos assim que nasceram, após ouvir de Gaia e Urano que ele estava destinado a ser deposto por seu filho, da mesma maneira que ele havia deposto seu próprio pai - um oráculo do qual Reia tomou conhecimento e pôde evitar.
Quando Zeus estava prestes a nascer, Reia procurou Gaia e concebeu um plano para salvá-lo, para que Crono fosse punido por suas ações contra Urano e seus próprios filhos. Reia deu à luz a Zeus na ilha de Creta, e entregou a Crono uma pedra enrolada em roupas de bebê, que ele prontamente engoliu.

Infância

Reia teria escondido Zeus numa caverna no Monte Ida, em Creta. De acordo com as diversas versões da história, ele teria sido criado:
     por Gaia;
     por uma cabra chamada Amaltéia, enquanto um pelotão de Kouretes - "soldados", ou "deuses menores" -         dançavam, gritavam e batiam suas lanças contra seus escudos para que Crono não ouvisse o choro do bebê (ver cornucópia);
     por uma ninfa chamada Adamantéia; como Crono era senhor da Terra, dos céus e do mar, ela o escondeu pendurado por uma corda de uma árvore, de modo que ele, não estando nem na terra, nem no céu e nem no mar, teria ficado invisível para seu pai.
     por uma ninfa chamada Cinosura; como agradecimento, Zeus a teria colocado em meio às estrelas.
     foi criado por Melissa, que o amamentou com leite de cabra e mel.
     foi criado por uma família de pastores sob a condição de que suas ovelhas fossem salvas dos lobos.

Rei dos deuse

Após chegar à idade adulta, Zeus forçou Crono a vomitar primeiro a pedra que lhe havia sido dada em seu lugar - em Pito, sob os vales do Parnaso, como um sinal para os mortais: o Ônfalo, "umbigo" - e em seguida seus irmãos, de acordo com a ordem em que haviam sido engolidos. Em algumas versões, Métis deu a Crono um emético para forçá-lo a vomitar os bebês, enquanto noutra o próprio Zeus teria aberto com um corte a barriga de Crono. Em seguida Zeus libertou os irmãos de Crono, os Gigantes, os Hecatônquiros e os Ciclopes, que estavam aprisionados num calabouço no Tártaro, após matar Campe, o monstro que os vigiava.
Para mostrar seu agradecimento, os Ciclopes lhe presentearam com o trovão e o raio, que haviam sido escondidos anteriormente por Gaia. Zeus então, juntamente com seus irmãos e irmãs, os Gigantes, Hecatônquiros e Ciclopes, depuseram Crono e os outros Titãs, durante a batalha conhecida como Titanomaquia. Os Titãs, após serem derrotados, foram despachados para o Tártaro, enquanto um deles, Atlas, foi condenado a segurar permanentemente o céu.
Após a batalha contra os Titãs, Zeus dividiu o mundo com seus irmãos mais velhos, Posidão e Hades: Zeus ficou com o céu e o ar, Posidão com as águas e Hades com o mundo dos mortos (o mundo inferior). A antiga Terra, Gaia, não podia ser dividida, e portanto ficou para todos os três, de acordo com suas habilidades - o que explica porque Posidão era o "sacudidor da terra" (o deus dos terremotos), e Hades ficava com os humanos que morreram (ver Pentos).
Gaia, no entanto, não aprovou a maneira com que Zeus tratou os Titãs, seus filhos; logo após assumir o trono como rei dos deuses, Zeus teve de combater outros filhos de Gaia: o monstro Tifão e a Equidna. Zeus derrotou Tifão, aprisionando-o sob o Monte Etna, porém poupou a vida de Equidna e seus filhos.

Zeus e Hera


Zeus era irmão e consorte de Hera. Com ela teve três filhos: Ares, Hebe e Hefesto, embora alguns relatos afirmem que Hera teria tido-os sozinha. Algumas versões também descrevem Ilitia e Éris como filhas do casal. As conquistas amorosas de Zeus, no entanto, entre ninfas e as mitológicas progenitoras mortais das dinastias helênicas são célebres. A mitografia olímpica lhe credita com uniões com Leto, Deméter, Dione e Maia. Entre as mortais com quem ele teria se relacionado estavam Sêmele, Io Europa e Leda.
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Diversos mitos mencionam o sofrimento de Hera com o ciúme gerado por estas conquistas amorosas, e a descrevem como uma inimiga consistente das amantes de Zeus e de seus filhos. Por algum tempo uma ninfa chamada Eco foi encarregada de distrair Hera falando incessantemente, afastando assim sua atenção dos casos amorosos de seu marido; quando Hera descobriu o estratagema, condenou Eco a repetir permanentemente as palavras de outras pessoas.

Zeus e deuses estrangeiros

Zeus foi identificado com o deus romano Júpiter, e associado no imaginário sincrético clássico (ver interpretatio graeca) com diversas outras divindades, tais como o egípcio Amon e o etrusco Tinia. Juntamente com Dioniso, absorveu o papel do principal deus frígio Sabázio. O governante sírio Antíoco Epifânio IV ergueu uma estátua de Zeus Olímpio no templo judaico em Jerusalém; os judeus helenizados referiam-se a esta estátua como Baal Shamen ("Senhor do Céu").
Alguns mitólogos comparativos modernos também o alinharam com a divindade hindu Indra.

Zeus na filosofia

No neoplatonismo, a figura de Zeus familiar à mitologia grega é associada ao Demiurgo, ou Mente (nous) Divina. Especificamente dentro da obra de Plotino, Enéadas, e na Teologia Platônica, de Proclo.




Poseidon


Na mitologia grega, Poseidon , assumiu o estatuto de deus supremo do mar, conhecido pelos romanos como Netuno possivelmente tendo origem etrusca como Nethuns. Também era conhecido como o deus dos terremotos. Os símbolos associados a Posídon com mais frequência eram o tridente e o golfinho.
A origem de Poseidon é cretense,como atesta seu papel no mito do Minotauro. Na civilização minóica era o deus supremo, senhor do raio, atributo de Zeus no panteão grego, daí o acordo da divisão de poderes entre eles, cabendo o mar ao antigo rei dos deuses minóicos.

Nascimento

Posídon era um dos filhos de Cronos e Reia, e, como seus irmãos e irmãs, foi engolido por Cronos ao nascer. A ordem de nascimento de seus irmãos, segundo Pseudo-Apolodoro, é Héstia (a mais velha), seguida de Deméter e Hera, seguidas de Hades e Posídon; o próximo a nascer, Zeus, foi escondido por Reia em Creta , que deu uma pedra para Cronos comer. Higino enumera os filhos de Saturno e Ops como Vesta, Ceres, Juno, Júpiter, Plutão e Netuno, ele também relata uma versão alternativa da lenda, em que Saturno encerra Orco no Tártaro e Netuno em baixo do mar, em vez de comê-los .
Primordialmente Zeus terá obrigado seu pai, Cronos, a regurgitar e restabelecer a vida aos filhos que este engoliu, entre eles está Posídon, explicando assim Zeus como o irmão mais novo, pois sua mãe Reia, deu uma pedra em seu lugar.

Vida inicial


Poseidon fora criado entre os Telquines, os demónios de Rodes. Quando atinge a maturidade, apaixonou-se por Hália, uma das irmãs dos Telquines, e desse romance nascem seis filhos e uma filha, de nome Rodo, daí o nome da ilha de Rodes.




Deus

Posídon disputou com Atena para decidir qual dos dois seria o padroeiro de Atenas.
Segundo Marco Terêncio Varrão, citado por Agostinho de Hipona, as mulheres da Ática tinham o direito ao voto na época do rei Cécrope I. Quando este rei fundou uma cidade, nela brotaram uma oliveira e uma fonte de água. O rei perguntou ao oráculo de Delfos o que isso queria dizer, e resposta foi que a oliveira significava Minerva e a fonte de água Netuno, e que os cidadãos deveriam escolher entre os dois qual seria o nome da cidade. Todos os cidadãos foram convocados a votar, homens e mulheres; os homens votaram em Netuno, as mulheres em Minerva, e Minerva venceu por um voto. Netuno ficou irritado, e atacou a cidade com as ondas. Para apaziguar o deus (que Agostinho chama de demônio), as mulheres de Atenas aceitaram três castigos: que elas perderiam o direito ao voto, que nenhum filho teria o nome da mãe e que ninguém as chamaria de atenienses.
Na Ilíada, Poseidon aparece-nos como o deus supremo dos mares, comandando não apenas as ondas, correntes e marés, mas também as tempestades marinhas e costeiras, provocando nascentes e desmoronamentos costeiros com o seu tridente. Embora seu poder pareça ter se estendido às nascentes e lagos, os rios, por sua vez, têm as suas próprias deidades, não obstante o facto de que Posídon fosse dono da magnífica ilha de Atlântida.
Geralmente, Posídon usava a água e os terremotos para exercer vingança, mas também podia apresentar um caráter cooperativo. Ele auxiliou bastante os gregos na Guerra de Troia, mas levou anos se vingando de Odisseu, que havia ferido a cria de um de seus ciclopes.
Os navegantes oravam a ele por ventos favoráveis e viagens seguras, mas seu humor era imprevisível. Apesar dos sacrifícios, que incluíam o afogamento de cavalos, ele podia provocar tempestades, maus ventos e terremotos por capricho.
Considerando que as inúmeras aventuras amorosas de Posídon foram todas frutíferas em descendentes, é de notar que, ao contrário dos descendentes de seu irmão Zeus, os filhos do deus dos mares, tal como os de seu irmão Hades, são quase todos maléficos e de temperamentos violentos. Alguns exemplos: de Teosa nasce o ciclope Polifemo; de Medusa nasce o gigante Crisaor e o cavalo alado, Pégaso; de Amimone nasce Náuplio; com Deméter nasce Despina, deusa do inverno que acaba com tudo o que sua mãe e sua meia-irmã Perséfone cultivam, também congela as águas; com Ifimedia, nascem os irmãos gigantes Oto e Efialtes (os Aloídas), que chegaram mesmo a declarar guerra aos deuses. Por sua vez, os filhos que teve com Halia cometeram tantas atrocidades que o pai teve de os enterrar para evitar-lhes maior castigo.
Casou ainda com Anfitrite,filha de Oceano e Tétis, de quem nasceu o seu filho Tritão,o deus dos abismos oceânicos, que ajudou Jasão e os seus argonautas a recuperar o Velocino de ouro, e Rode, que se casou com Hélio.



Hades

Hades, na mitologia grega, é o deus do mundo inferior e dos mortos.
Equivalente ao deus romano Plutão, que significa o rico e que era também um dos seus epítetos gregos, seu nome era usado frequentemente para designar tanto o deus quanto o reino que governa, nos subterrâneos da Terra. Consta também ser chamado Serápis (deus de obscura origem egípicia).
É considerado um deus da "segunda geração" pelos estudiosos, oriundo que fora de Cronos (Saturno, na teogonia romana) e de Reia, formava com seus cinco irmãos os Crônidas: as mulheres Héstia, Deméter e Hera, e os homens Posidon e Zeus.
Ele é também conhecido por ter raptado a deusa Perséfone (Koré ou Core) filha de Deméter, a quem teria sido fiel e com quem nunca teve filhos. A simbologia desta união põe em comunicação duas das principais forças e recursos naturais: a riqueza do subsolo que fornece os minerais, e faz brotar de seu âmago as sementes - vida e morte.
Hades costuma apresentar um papel secundário na mitologia, pois o fato de ser o governante do Mundo dos Mortos faz com que seu trabalho seja "dividido" entre outras divindades, tais como Tanatos, deus da morte, ou as Queres (Ker) - estas últimas retratadas na Ilíada recolhendo avidamente as almas dos guerreiros, enquanto Tanatos surge nos mitos da bondosa Alceste ou do astuto Sísifo.
Como o senhor implacável e invencível da morte, é Hades o deus mais odiado pelos mortais, como registrou Homero (Ilíada 9.158.159). Plutão acentua que o medo de falar o seu nome fazia usarem no lugar eufemismos, como Plutão (Crátilo 403a).
O mito possui pequena influência moderna. Entretanto, foi objetivo de análises pela psicologia e adaptações cinematográficas; dentre essas últimas, a Disney recriou-o em dois momentos distintos, um em 1934 de forma experimental , e outro em 1997, como adversário de Hércules.

 

Origem: guerra de titãs

Temendo uma profecia que dizia que seria derrotado por um dos filhos, Cronos passou a devorar os filhos tão logo sua mulher, Reia, os tinha. Assim ocorrera a todos os filhos que teve, à exceção de Zeus que, para ser poupado, foi num ardil materno trocado pela mãe por uma pedra.
Segundo Apolodoro (i.1.5) e Hesiodo (Teogonia 453-67) Cronos os devorou na seguinte ordem: primeiro a Héstia, em seguida Deméter e Hera e, mais tarde, a Hades e Posidão.
Crescendo, o jovem deus teve novamente a ajuda materna para auxiliá-lo: Reia fez com que o marido engolisse uma beberagem que o forçou a vomitar os filhos presos dentro de si. Uma vez libertos, os irmãos ficaram solidários a Zeus, no combate contra o pai. Postaram-se, então, no monte Olimpio e, com ajuda dos titãs hecatônquiros, combateram os outros titãs, que se posicionaram no monte Ótris, numa batalha que durou dez anos.
Os titãs solidários aos olímpicos — Briareu,Coto e Giges — deram aos três irmãos suas armas: a Zeus os raios, a Posidão o tridente; a Hades coube um capacete, que o tornava invisível. A derrota de Cronos deu-se com o uso das três armas: Hades, invisível com seu elmo, roubou ao pai suas armas e, enquanto Posidão o distraía com o tridente, Zeus o fulminou com seus raios.
Sendo o mundo dividido em três partes, Zeus procedeu à divisão por sorteio dos reinos entre si e os dois irmãos: para si ficou a Terra e o Céu, a Posidão coube os mares e rios, ao passo que para Hades ficou o domínio sobre o mundo subterrâneo e os seres das sombras.
Mais tarde Hades desposa Perséfone (a Prosérpina dos romanos, também chamada Core ou Kore), filha de sua irmã Deméter (Ceres, para os romanos), e que ao seu lado tornou-se a rainha dos mortos. O casal não teve filhos.

Hades e Perséfone 

A união foi narrada por Thomas Bulfinch como decorrente da luta havida entre os deuses e os gigantes Tífon, Briareu,Encélado e outros: após terem sido aprisionados no Etna, os cataclismos provocados por suas lutas pela liberdade fizeram com que Hades temesse que seu mundo fosse exposto ao Sol.
Então, a fim de verificar o que estava se passando, finalmente Hades decide sair de seu reino, montado em seu carro de negros corceis. Estava Afrodite, naquele momento, sentada no monte Érix junto a seu filho Eros (então personificado como Cupido) e desafiou-o a lançar suas flechas no deus solitário quando, por ali, a filha de Deméter transitava no vale de Ena (uma pradaria siciliana), igualmente solteira.
Flechado pelo Amor, Hades rapta a bela sobrinha que, apavorada, clama por socorro à mãe e suas amigas mas, sem ter como reagir, acaba resignando-se. Hades excita os cavalos a fugirem o mais depressa possível até que chegaram ao rio Cíano, que se recusou a dar-lhe passagem. O deus então feriu-lhe a margem, abrindo a terra e criando uma entrada para o Tártaro.
Outras variantes do mito colocam a sobrinha e amada de Hades às margens do rio Cefiso, em Elêusis, ou aos pés do Monte Cilene, na Arcádia, local em que uma caverna levava aos Infernos; noutras, próxima a Cnossos, em Creta. Também conta-se que Zeus, para ajudar o irmão na captura de Core, enquanto ela colhia flores, postou um narciso (ou um lírio) na beira dum abismo e ela, ao colher a flor, caiu, pois a Terra se abriu, ao aparecer Hades para capturá-la.
Deméter parte numa busca inútil à filha, indo de Eos (a Aurora) até as Hespérides (no poente). Em sua peregrinação salva um menino, a quem incumbe de ensinar a agricultura aos homens. Desesperançada, pára à margem do mesmo rio Cíano onde a filha fora levada. A ninfa que ali habitava fica oculta, temendo represálias do deus dos Infernos, mas deixa fluir sobre as águas a guirlanda que Perséfone derrubara ao ser levada. Ao vê-la a deusa se revolta, culpando a terra por seu sofrimento: a maldição que lança provoca a infertilidade do solo e a morte do gado.
Vendo a desolação provocada pela vingança da deusa, a fonte Aretusa resolveu interceder. Procurando Deméter, conta sua história - de como fora perseguida por Alfeu, no curso do rio de mesmo nome e, ajudada por Artêmis, que lhe abrira um caminho subterrâneo para a fuga até a Sicília, viu então Perséfone sendo levada por Hades — ainda triste, mas já ostentando o semblante de Rainha do Mundo Inferior.
Uma variante narra a história da seguinte forma: após dez dias Deméter foi auxiliada por Hécate, deusa da lua nova, que a levou até Hélio, o Sol; este ter-lhe-ia contado o que ocorrera, acrescentando que o rapto fora consentido por Zeus. Dissera mais: que aceitasse o ocorrido, pois Hades "não era um genro sem valor". Mas a mãe, em seu desespero, recusa o conselho e, magoada com Zeus, abandona o Olimpo e passa então a vagar na terra como uma velha.
A deusa de imediato vai ao Olimpo, onde pleiteia a Zeus fosse a filha restituída. O Senhor dos Deuses consente, impondo contudo a condição de que Perséfone não tivesse, no mundo inferior, ingerido alimento algum — uma condição que faria com que as Parcas vedassem-lhe a saída. Hermes, guia das almas, é enviado como mensageiro junto a Primavera. Hades concorda com o pedido mas, num ardil, oferece a Perséfone uma romã, da qual a jovem chupa alguns grãos, selando assim o seu destino, pois jamais poderia se libertar dos Infernos.
Apesar de ter a esposa para sempre presa ao Submundo, o deus das sombras faz um acordo com a sogra, anuindo que Perséfone passasse uma parte do tempo ao seu lado e outra, com a mãe. Deméter concorda com o ajuste, e devolve à terra sua fertilidade.
Os monarcas Hades e Perséfone não apenas governavam as almas dos mortos, mas tinham o papel de juízes da humanidade depois da vida. Nisto eram auxiliados por três heróis que foram, em vida, reconhecidos por seu senso de justiça e sabedoria: Minos, seu irmão Radamanto e Éaco que, numa versão mais tardia, era o responsável pelas portas do mundo inferior.
Philip Wilkinson e Neil Philip dizem ser o tempo que Perséfone passa na terra junto à mãe, fazendo germinar e crescer as plantas, o equivalente à primavera e o verão; em contrapartida, quando volta para Hades, tem-se o inverno - quando a Terra é forçada a sofrer uma morte temporária.

Raizes do mito

Alexander Murray justifica, quando da divisão dos reinos entre os três irmãos crônidas, que para os antigos gregos, donos de agudo senso de observação das forças naturais, era necessário um poderoso deus a governar o mundo subterrâneo; afinal, uma força "de baixo" impulsionava o crescimento das plantas; das profundezas da terra os preciosos metais eram extraídos; para lá voltavam todos os seres vivos. Esse deus tinha que possuir um duplo caráter: primeiro, como fonte de todas as riquezas (o que é sugerido por seu nome latino Plutão), depois como monarca do obscuro reino, morado pela sombras dos mortos (sugerido pelo nome grego Hades).
Enquanto a primeira atribuição — aquela de dar energia aos vegetais para erguerem-se a partir da semente mergulhada na obscuridade do solo, Hades é visto até como amigo dos homens, o segundo denotava um caráter severo, onde ele surge como deus implacável e incansável, pois não permite que ninguém saia de seu reino, uma vez ali tendo ingressado — este o destino inexorável de todos os homens: voltar para o reino de Hades.
Nas versões mais primitivas, não havia qualquer possibilidade de um destino melhor, após a vida: Hades simplesmente reclamava de volta aquilo que dera. Mais tarde, contudo, surge a possibilidade de uma pós-vida de melhor sorte, onde a esperança duma vida futura mais feliz constituía a base dos chamados mistérios eleusinos; este sentido deriva diretamente do casamento de Hades com Perséfone, representando sua esposa a personificação de vida emergente e juventude. A romã, fruto que fizera com que Perséfone ficasse presa ao Hades, é também chamada de maçã do amor. O uso desta fruta na simbologia é, em razão do grande número de sementes, como sinal de fertilidade; entretanto, não há descedência da união de Hades e Core: a romã, em contradição ao seu significado, condenara a deusa à infertilidade.

Relacionamentos

Hacquard registra que Hades permaneceu fiel à esposa Perséfone, salvo em duas ocasiões: a primeira quando teria se deixado enamorar pela ninfa do Cócito, Minta; perseguida pela rainha Core, foi transformada pelo deus em menta. A segunda teria sido o amor por uma oceânida.
O primeiro mito estaria ligado ao próprio rapto de Perséfone: Minta (ou Minte), ninfa que habitava o Submundo, mantinha com Hades um relacionamento, interrompido por seu casamento; a ninfa então, procurando recuperar o amante, passou a se vangloriar, dizendo ser mais bonita que sua rival, despertando a fúria em Deméter, mãe de Core. Deméter então puniu a moça presunçosa, fazendo em seu lugar surgir a menta.
Noutra passagem, teria se apaixonado por Leuce, filha de Oceano, e que por isso foi transformada no álamo prateado.
Wilkinson e Philip registram que, quando Hades vinha à superfície, não era capaz de dominar os desejos pelas infelizes ninfas. Perséfone, contudo, sempre agia para conter esses impulsos e, assim, quando o marido se apaixonara por Minte, a transforma no hortelã; quando o mesmo ocorrera a Leuce, transformou-a no álamo.

Descendência atribuída

Embora a grande maioria dos relatos deem Hades como infértil, algumas passagens aleatórias atribuem-lhe paternidades esporádicas, sem contudo saber-se pormenores. Assim, segundo o Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology, tiveram a paternidade atribuída a Hades: Zagreu (segundo Ésquilo, era o próprio Zeus do Submundo e assemelhado a Hades), Macária, as Erínias (eram originariamente em número indeterminado; posteriormente consolidaram-se em três: Alecto, Tisífone e Megera) e Melinoe (ou Melina).
Árvore genealógica de Hades
Cronos
Reia
Hades
Perséfone
ZagreuMacáriaEríniasMelinoe

 

O nome Hades vem de á (a - não) e ’ideîn (idêin - ver), uma "falsa etimologia que lhe deram os gregos" (segundo Junito Brandão), em alusão ao capacete da invisibilidade que lhe fora presenteado pelos Ciclopes. Este sentido de não visto cabe tanto ao deus quanto ao seu reino.
Junito Brandão diz que o nome Pluto ou Plutão (significando rico e consagrado entre os romanos), é de origem grega, estando intimamente ligado em sua origem ao episódio da semente de romã — unindo os cultos agrários (a Deméter) e da morte (a Hades) que, nas origens, eram bastante próximos. Sobre isto, informa: "Pluto é a projeção dessa semente. Se verdadeiramente o deus da riqueza agrária ficou eclipsado no Hino a Deméter pela evocação patética de Core perdida e depois reencontrada, uma estreita relação sempre existiu, desde tempos imemoriais, entre os cultos agrários e a religião dos mortos, e é assim que o Rico em trigo, Pluto, acabou por confundir-se com outro rico, o Rico em hóspedes, polydégmōn, que se comprimem no palácio infernal. Pois bem, esse rico em trigo, com uma desinência inédita, se transmutou, sob o vocábulo Ploútōn, Plutão, num duplo eufemístico e cultural de Hádēs".

 

Alegoria

As representações de Hades apresentam a mesma face de Zeus e Poseidon, seus irmãos. As antigas obras de arte diferenciam-no somente por alguns "rasgos de expressão", como registou Murray. As espessas barbas e cabelo sombreiam a face. Aparece de ordinário sentado em seu trono, ao lado da esposa ou em pé, num carro junto dela.
Seus atributos diferenciais eram um cetro, similar ao de Zeus, e um capacete que, como o elmo das nuvens do mito nórdico de Sigfrido, conferia a invisibilidade a quem o portasse. Seu auxiliar é o cão de três cabeças , Cérbero.
Sua figura é bastante sóbria, sem ornatos: além da exZeus inferi. Suas vestes consistem num pesado manto e túnica vermelhos; seu trono é representado por uma coruja.
pressão sombria pelo franzir dos cenhos, a barba em desalinho e cabelos desgrenhados num rosto pálido completam o quadro do
A despeito disto, Wilkinson e Philip registram que nunca era retratado pelos artistas. Isto se dava porque, além da invisibilidade, imperava o temor e mistério que lhes inspirava Hades. Quanto ao capacete da invisibilidade William F. Hansen registrou que este não é propriamente uma ferramenta do deus, apesar da popular etimologia reinterpretar seu nome grego (aidos kyneè) como elmo de Hades: além da passagem que diz que o elmo lhe fora presenteado pelos ciclopes, nenhuma outra diz que o deus utiliza-se dele e, quando é citado que outros deuses ou heróis fazem serventia de seus poderes, não há menção de que lhe tomaram emprestado diretamente.

Hades e outros mitos

Diversos outros mitos incorporam a presença, direta ou indireta, de Hades, como no caso de Admeto que, para fugir à morte, entrega ao deus sua esposa Alceste,ou mesmo em variantes com ligações de parentesco aventadas, como para com os Cabiros. Também no mito de Psiquê sua presença é aludida, pois uma das tarefas da Alma é, justamente, obter num frasco um pouco da beleza de Perséfone.
O próprio Hermes era um arauto de Hades, encarregado de chamar os moribundos com suavidade, e neles depositar os báculos de ouro em seus olhos.Na gigantomaquia o deus teria usado o capacete da invisibilidade para poder matar Hipólito.
Junto a Afrodite e Éris, Hades era dos únicos deuses que não odiavam Ares, deus da guerra; o motivo estava na voracidade com que o deus dos mortos acolhe de bom grado as almas dos jovens guerreiros abatidos em combate.
Deuses e homens se beneficiaram ainda dos poderes privilegiados do capacete mágico de Hades. Jovens deuses usaram seus poderes, bem como também do tridente de Posidão. Foi este o caso de Hermes que, durante a Gigantomaquia, serviu-se do elmo da invisibilidade para matar o gigante Hipólito.
No Egito, junto a Dionísio, Hades era identificado com o deus Osíris.

Adonis: a Perséfone infiel

Adonis, um mortal fruto de relacionamento incestuoso, apaixonou-se por Afrodite e era por ela amado - mas também despertou o amor em Perséfone, que ficou furiosa por não gozar da preferência do jovem.
A deusa dos mortos então procurou Ares que, sabia, amava Afrodite. O deus então matou o jovem guerreiro, de modo que assim fosse obrigatoriamente enviado ao Submundo, onde sua governante o esperava.
Inconformada com tal destino, Afrodite procura Zeus que delibera ficar Adonis seis meses com Perséfone e a metade restante do ano com sua amada.

Zagreu/Dioniso: identidade com Hades

Brandão informa que o mito de Zagreu seria bastante mais antigo do que o do próprio Dioniso, e que teria uma possível origem em Creta de onde, pela similitude, fora absorvido ao do deus orgíaco. Nesta fusão mítica fora transformado, nos cultos órficos, na primeira vida de Dioniso - e feito em filho de Zeus com Perséfone. Após ter sido assassinado pelos Titãs, ressurge de Sêmele.
Analisando a história de Zagreu - espécie de reencarnação de Dioniso (o Baco romano) - Walter Otto narra que Zeus procura reparar a injustiça da morte cruel de Dioniso (morto pelos Titãs, após ter-se transmutado num touro); enquanto sua carne era devorada, Zeus interveio, conseguindo salvar vivo ainda seu coração). O autor ressalta que esta morte o liga ao mundo dos mortos, aos poderes do submundo. Zagreu renasce da mortal Sêmele - entrara no Hades tal como entrará no Olimpo. Esta versão explica, ainda, a afirmação de E. Rohde de que o reino dos mortos fazia parte do reino dionisíaco.
Otto relembra os Hinos Órficos 46 e 53, onde se diz explicitamente que Dioniso dormia na casa de Perséfone e que Hades e Dioniso - por quem as mulheres enlouquecem e ficam enraivecidas - seriam a mesma pessoa. Isto, segundo o autor, pode ser lido em Heráclito, que registara: "...Hades e Dioniso, por quem elas ficam loucas e iradas, são um e o mesmo." e conclui que "Agora podemos entender por que os mortos foram homenageados em vários dos principais festivais de Dioniso"
Jean Shinoda Bolen, apreciando o arquétipo feminino de Perséfone, alude que a deusa pode se entregar aos prazeres sexuais. Entre os gregos antigos, ressalta a psiquiatra, havia a crença de que os poderes intoxicantes de Dioniso levava as mulheres ao êxtase sexual, transformando-as em mênades cheias de paixão e delírio. As antigas tradições davam conta de que o deus do vinho passava temporadas em casa da esposa de Hades, ou para lá retornava nos intervalos de suas aparições.

Hércules

Na luta contra os gigantes comandados por Alcioneu e Porfírio, Hércules tem a ajuda de Hades. Uma imagem de sua volta aos Infernos, após a vitória, foi representada no teto do Palácio de Te, em Mântua.
Numa passagem da Ilíada (V, 402), Homero registra que Hades foi ferido por Hércules — para logo esclarecer que foi facilmente curado por Apolo, "porque ele (Hades) não havia nascido mortal!"
O décimo-segundo dos Doze Trabalhos de Hércules, a catábase (katábasis), a ida ao mundo dos mortos para lá apreender o monstruoso cão Cérbero, encarregado de evitar que os vivos entrem naquele reino e que de lá saiam tendo entrado, salvo por ordem do seu Rei, o herói conta com a ajuda de Hermes e Atena, para não errar o rumo e clarear a escuridão, respectivamente, por ordem de Zeus.

Nesta tarefa, Hércules demonstra seu caráter humano, apiedando-se de alguns dos prisioneiros que ali estavam, e procura ajudá-los em seu sofrimento. Dentre estes estavam Pirítoo e Teseu, ainda vivos (como adiante se verá), e Ascáfalo. Ascáfalo era o filho de uma ninfa do rio Estige com o barqueiro Aqueronte e, no episódio do resgate de Perséfone por sua mãe, quando Hades a fizera comer o grão de romã, foi ele quem a denunciara ao deus dos mortos. Numa primeira variante deste mito, Deméter o transformara em coruja, como castigo; em outra, a deusa o fizera ficar preso sob um grande rochedo — e teria sido deste sofrimento que Hércules o poupara, mas o alívio não durou muito, pois Deméter enfim o transformou em coruja, mantendo a punição. Bulfinch adiciona que o rochedo encantado que os prendia ficava à entrada do palácio dos reis do submundo.
Finalmente, chegando à presença de Hades, o heroi pede para que lhe fosse permitido levar Cérbero à presença de seu primo Euristeu, que lhe impingira as tarefas impossíveis. Hades concorda, desde que para tanto não usasse o filho de Alcmena nenhuma de suas armas, servindo-se apenas da capa feita do Leão de Nemeia, o que fez. Após cumprir o trabalho, Cérbero foi devolvido ao mundo ctônico.

Teseu

O heroi Teseu, que já havia praticado o rapto de Hipólita (rainha das Amazonas), e de Ariadne, combinara com o amigo Pirítoo, cujos laços se estreitaram após a Centauromaquia, que raptariam por esposas de ambos apenas filhas de Zeus e humanos, visto serem os dois, eles próprios, de origem divina: Teseu filho de Zeus e Pirítoo de Posidão. Após tirarem a sorte, acordaram que a Teseu caberia Helena, e ao outro a própria Rainha dos Infernos, Perséfone. Ambos se auxiliariam na tarefa, mas Teseu — então aos cinquenta anos, encontra Helena ainda impúbere, e a esconde. Junto a Pirítoo, desce ao Reino dos Mortos.
No Submundo, foram bem recebidos por Hades. Cometeram, então, duas das atitudes mais temerárias ali: convidados ardilosamente para um banquete pelo deus infernal, sentaram-se e comeram: sentar significa, ali, intimidade e permanência; comer, a fixação. Ficaram, portanto, presos às suas cadeiras.

Quando da catábase de Hércules, o herói tenta livrá-los, mas os deuses permitiram que somente Teseu fosse liberto, ficando Pirítoo preso na Cadeira do Esquecimento.

Perseu






Na sua campanha para matar a Górgona (ou Medusa), Perseu recebe o auxílio de Atena e de Hermes; assim, consegue penetrar no reduto das Greias que, em razão de possuírem somente um olho, uma montava guarda enquanto as duas outras dormiam: num lance rápido, o herói arrebata-lhes o olho e, então, negocia a troca do membro pelo auxílio em derrotar a terrível inimiga. Impotentes, as três irmãs entregam-lhe o necessário para chegar às ninfas e para vencer, segundo lhe havia sido revelado por um oráculo: as sandálias aladas, o alforje chamado quibísis (para guardar a cabeça da Medusa) e o capacete da invisibilidade, de Hades.

Hades e Serápis  

Menard narra uma história em que o Zeus infernal é considerado o mesmo deus egípcio Serápis, cuja origem e atributos permanecem obscuros.
Governava Ptolomeu II Filadelfo a cidade de Alexandria, que procurava embelezar quando, num sonho, foi-lhe ordenado por Serápis que buscasse no Ponto uma estátua que lhe fosse dedicada. Havia tal monumento em Sinope, dedicado ao Zeus infernal. O rei de Sinope anuiu ao pedido, mas o povo do lugar se insurgiu, cercando o templo a fim de impedir a retirada da imagem: a estátua, então, erguera-se e foi, andando, ao navio que a transportou para o Egito.
Dada a sua grande semelhança com Hades, o Imperador Juliano, procurando saber as distinções entre Plutão e aquele deus, obteve do Oráculo de Delfos a seguinte resposta: "Júpiter Serápis e Plutão são a mesma divindade".

Hades e Esculápio

Era ainda Esculápio (Asclépio) um mortal quando, ao restituir a vida a um morto, despertou a ira de Hades. Como castigo, o Zeus atende ao pedido do irmão e o fulmina com seu raio. Sendo o médico filho de Apolo, o deus resolve vingar-se atacando os ciclopes que, no Etna, fabricavam as armas do Olímpico. Zeus, por conta disto, pune seu filho, condenando-o a passar um ano como escravo de Admeto, rei da Tessália. Depois de sua morte, contudo, o próprio Zeus admite Esculápio como deus.

Hades e o canto de Orfeu

Mais um filho de Apolo acaba por ter sua história ligada ao rei dos mortos: Orfeu, que ganhara do pai uma lira e a tocava com tamanha perfeição e encanto que até as pedras se comoviam. Tendo se casado com Eurídice, logo a perde pois, fugindo ao assédio do pastor Aristeu, a jovem morre picada por uma cobra.
Orfeu desce aos Infernos e vai ter diante dos tronos de Hades e Perséfone. Ali entoa um canto tão fascinante que os fantasmas derramam lágrimas; Tântalo esquece a sede; o abutre cessa o ataque ao fígado de Prometeu; Sísifo parou de rolar a pedra pela montanha, nela se sentando para ouvir; as Danaides pararam de recolher água com peneiras e Íxion deixa de girar sua roda.
Os soberanos do submundo também se comovem e concedem-lhe o desejo de trazer de volta à vida a amada esposa, com a condição de não olhar para ela até saírem dos domínios ctônios — o que acaba ocorrendo, morrendo Eurídice uma segunda vez.

O Mundo dos Mortos e castigos famosos

Não são acordes os autores antigos acerca da localização do mundo inferior; enquanto uns o situam abaixo da superfície terrestre, outros colocam-no ao oeste, em meio ao Oceano. Também sua entrada era controversa, situando-a em algum ponto sombrio e assustador, tal como havia em Cumas — mas uma das passagens estava sempre aberta de modo a permitir a entrada, sem retrocesso. Sua guarda cabia ao cão Cérbero, que era dócil a quem chegava, mas feroz a quem pretendesse sair.
A entrada era separada do interior por vários rios, de águas turbulentas, dos quais o mais famoso era o Estige, tão fiável que os próprios deuses o evocavam como testemunha dos juramentos. Sua passagem era feita pelo barqueiro Caronte, para cujo pagamento colocavam os gregos uma moeda (danake) na boca do falecido . Outros rios eram o Aqueronte (rio da eterna aflição), Lete (o rio do esquecimento), Piriflegetonte (rio de fogo), Cócito (rio do pranto e lamento).
Além do próprio reino dos mortos, duas outras regiões se apresentavam: os Campos Elísios, onde uma ilha de bem-aventurança recebia as almas felizes e o Tártaro — tão profundo que distava da terra tanto quanto esta dos céus. Na ilha de Erítia, onde Gerião mantinha seu rebanho sob os cuidados do pastor Eurítion e do cão Ortro — alvo de um dos trabalhos hercúleos — o pastor Menetes cuidava dos rebanhos de Hades.

Tântalo

Tântalo era um rei da Frígia e governava com despotismo e traição, inclusive contra o próprio filho. Condenado à região mais remota do Tártaro, seu castigo consistia em sustentar uma grande pedra sobre a cabeça e, tomado por imensa sede e fome que não podia saciar, procurava amenizar colhendo algum dos frutos que brotavam acima de si; mas os frutos se afastavam quando ele estava prestes a colhê-los.

Sísifo

Sísifo fora um rei de Corinto, e procurou enganar e se aproveitar dos próprios deuses maiores: primeiro, testemunhara Zeus raptando Egina, a filha de Asopo e, em troca da revelar ao pai o nome do raptor, obteve dele favores. Para se vingar, Zeus enviou-lhe Tânatos, a morte, mas Sísifo prendeu-o com correntes, de forma que durante esse tempo ninguém mais morria — o que levou Hades pedir providências. Zeus então liberta a Morte, que para início leva o próprio Sísifo mas este, espertamente, ordenara à esposa que não lhe prestasse as honras fúnebres. Como não poderia permanecer no mundo dos mortos assim desprovido dos rituais, solicitou ao deus do submundo para voltar à vida e castigar a mulher, o que foi-lhe permitido — mas era mais um logro. O deus ctônio, então, enviou-lhe novamente Tânatos, que o mata definitivamente. Foi levado ao Tártaro, onde tinha por tarefa empurrar uma rocha até o topo de um monte; mas, passando o dia todo neste afã, quando descansava à noite a pedra voltava a rolar até a base da montanha — de modo que tinha de começar tudo novamente, todos os dias. Deu origem à expressão trabalho de Sísifo para designar tarefas intermináveis.

Íxion

Rei da Tessália também ultrajara aos deuses, sendo portanto condenado a ser amarrado, tendo serpes por cordas, a uma roda de moinho, que um vento fazia girar eternamente.

Danaides

As filhas do rei Dánao, condenadas por assassinarem seus maridos, tiveram por punição o trabalho de carregar água até um ponto, usando para isto peneiras, ou jarras furadas, de sorte que a tarefa jamais se concretizava.


Hades, Zeus e Posidão: hipótese da trindade

Para René Menard, a figura de Hades representa, junto ao irmão Posidão, um mero desdobramento da personalidade de Zeus. Tem a fundamentar tal premissa os escritos de Proclo, segundo o qual eram eles uma tríade demiúrgica, formando um deus único e triplo ao mesmo tempo; sendo o autor pós-cristianismo, contudo, a ideia da trindade poderia ser posta em suspeição — mas ela encontra respaldo em relatos antigos feitos por Pausânias e por Ésquilo, filho de Eufórion.
Assim, segundo Pausânias, havia uma estátua arcaica de madeira que vira no templo de Zeus em Lárissa e que pertencera anteriormente a Príamo, depois a Estênelo como despojo, representando o deus maior com três olhos, explicando tal singularidade: "todos concordam em que Júpiter reina nos céus. Reina também sobre a terra, pelo menos segundo o que afirma Homero no seguinte verso: 'Júpiter subterrâneo e a augusta Prosérpina'. Finalmente, Ésquilo, filho de Eufórion, dá também o nome de Júpiter ao deus que domina o mar. O que representou Júpiter com três olhos quis, pois, evidentemente dar a compreender que a mesma divindade é que governa as três partes de que se compõe o império do mundo"
Menard conclui que os artistas antigos não aceitaram representar um "deus triforme", porque a sua "estranha concepção mais se aproxima do temperamento da Índia que do da Grécia". Mas realça que, ainda assim, todas as representações feitas são de indivíduos que demonstram a mesma identidade: na estatuária, embora representando os três isoladamente, dava-lhes uma compleição uniforme; um vaso trazia pintado um Zeus triplo: três personagens iguais lado a lado, com mesma idade e roupas.
Conclui o autor que a distinção entre Zeus e seus dois irmãos só é possível nas obras antigas se se apreciar os atributos que as acompanham: para Posidão, o tridente; para Zeus, o raio; e, para Hades, a companhia do cão tricéfalo. Mas todos com a mesma idade, feições, fisionomia.
Robert Graves diz, também, que se assemelham à trindade masculina védica, formada por Mitra, Varuna e Indra que, informa, aparecem num manuscrito hitita de cerca de 1380 a.C.; ressalva, contudo, que estes mitos parecem refletir as três invasões helênicas: jônia, eólia e aquéia.ariana a povos que tinham adoração pela "deusa-mãe" personificada pela Lua: ocorria o casamento do chefe invasor com a sacerdotiza da Lua e rainha do povo conquistado - a Lua, com suas três fases (crescente, cheia e minguante), revelava deusas em tríade que forçava a divisão do deus forasteiro também numa tríade. Esta teoria explicaria figuras como o Gerião de três corpos, e que foi o primeiro rei da Espanha, o Cernunnos tricéfalo dos gauleses, os irlandeses Brian, Iuchar e Iucharba e, finalmente, os irmãos gregos Zeus, Posidão e Hades. Estes três se casaram com a divindade feminina pré-grega da Lua, representada em seu triplo aspecto como Rainha dos Céus, Rainha do Mar e Rainha do Submundo
Noutra obra Graves aventa a teoria de que essa trindade deriva do processo de invasão de alguma tribo